sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Violência contra os profissionais de educação de Magé.

O que os profissionais de educação da rede municipal de Magé vivenciaram no ano de 2005 foi digno de um filme do coronelismo mais retrógrado da história deste país.
Por causa das arbitrariedades, falta de diálogo e das falcatruas da prefeita Núbia Cozzolino (PMDB), professor@s, funcionári@s administrativ@s e os aposentad@s da educação municipal realizaram uma manifestação para denunciar as práticas da prefeita, iniciando assim a 1ª campanha salarial da educação municipal.

No bojo dos ataques à categoria estavam: corte do FUNDEF para as profissionais que saíam de licença maternidade; descontos no contracheque do empréstimo do Banco do Brasil, mas que não eram repassados para o banco, o que fez com que vários profissionais tivessem seu nome colocado no SERASA; reajuste salarial; transparência nas contas da Prefeitura; eleições diretas nas escolas; melhores condições de trabalho, dentre outras reivindicações.

A pauta de negociação foi construída na 1ª Assembléia, mas como não houve retorno da prefeita, a 2ª assembléia aprovou o ato em frente a Prefeitura de Magé para cobrar da prefeita a abertura das negociações entre ela e o SEPE. A categoria acreditava que o diálogo seria aberto, já que a campanha salarial havia iniciado na data-base de maio e já tinham transcorrido 2 meses sem que ela se pronunciasse. Mas ao invés disso, a prefeita demonstrando sua completa falta de democracia, agiu como se estivéssemos em plena ditadura militar, em pleno tempo dos coronéis da República do café-com-leite.

No dia 13 de julho, na hora do ato, ela colocou dois trios- elétricos na praça para abafar qualquer voz que se levantasse contra ela. Mandou prender as vans do transporte alternativo, para que a categoria não pudesse se deslocar. Cabe dizer que o transporte no município é péssimo e que a forma mais viável de deslocamento acontece com as vans. Os motoristas se comprometeram a transportar os profissionais dos distritos de Piabetá, Fragoso, Pau Grande e Mauá para participar do ato no centro de Magé. A atitude autoritária da prefeita provocou a indignação dos motoristas que resolveram participar do ato e denunciar essas e outras arbitrariedades.

Não satisfeita com o show de repressão, ela contratou cinegrafistas e um fotógrafo que filmaram e fotografaram quem estava na manifestação.

Convocou uma reunião de urgência com as diretoras (cargos de confiança, já que não há eleições diretas para diretores naquele município) e expôs as imagens para que cada diretora identificasse os seus profissionais da educação.

Em mais uma cena de abuso de autoridade e autoritarismo, a prefeita Núbia Cozzolino, aliada à Governadora Rosinha Garotinho, proibiu a diretora do Colégio Estadual de Magé de ceder o auditório para as assembléias. que passaram a se realizadas na rua.

Após o Ato iniciou-se a “caça às bruxas” no município e vários professor@s e até uma cozinheira receberam memorando de transferência de escola comprovando a perseguição política da Prefeita de Magé. Não satisfeitas, tanto a Prefeita, quanto a Secretária de Educação, Jane Cozzolino, sua irmã, deram ordem às diretoras para impedir a comunicação entre as representações do sindicato e a categoria, nas visitas às escolas, além de iniciar a desfiliação da rede municipal ao SEPE.

Na escola Municipal Geraldo Ângelo Pereira, três diretoras do SEPE, Marlene Leocádia, na época do SEPE Magé, Gesa Linhares Corrêa e Marize de Oliveira, ambas do SEPE/RJ, foram recebidas no pátio da entrada pelo marido da diretora, pois a mesma não se encontrava na escola. Apresentaram-se enquanto direção do SEPE central e explicaram que precisavam falar com a direção, pois queriam conversar com os profissionais da educação. A resposta foi a informação de que estava proibido a visita de diretores do SEPE nas escolas municipais. A diretora foi chamada e ao chegar, também chegaram a prefeita, seus assessores, policiais que faziam sua segurança pessoal, a secretária de educação, o batalhão de choque da PM, os guardas municipais e mais algumas pessoas que, segundo moradores, faziam parte do grupo de extermínio da região.

A postura da prefeita foi a de policial, pois deu ordem de prisão às diretoras do sindicato, arrancou a máquina de fotografia da mão de uma das diretoras, para que nada fosse documentado, enquanto a polícia tentava conduzir as diretoras do SEPE para o camburão já que a denúncia que a prefeita havia feito constava que “tinham invadido” a escola. A professora Keli Moraes de Abreu, ao ver toda aquela cena, desmente a prefeita e recebe impropérios de um dos guardas municipais dizendo “ sua mãe já perdeu a licença para trabalhar na rua por sua causa, fica do lado dessa gente, sua palhaça.” Ao fazer a defesa das diretoras do sindicato ela também recebe ordem de prisão.

A categoria não fugiu à luta e as solicitações de audiência, bem como os atos continuaram a acontecer, reivindicando justiça, tão escassa naquele município, pois várias professoras recebem memorandos de transferência de escola, numa clara evidência de que a prefeita não estava preocupada com a qualidade de ensino no seu município ou com os alunos sem professores no meio do período letivo. Retirou algumas professoras de suas salas-de-aula para serem colocadas em serviços burocráticos dentro de outros órgãos, que nem faziam parte da educação, sendo expostas como bodes expiatórios para coibir outras manifestações.

O medo tomou conta de parte da categoria, pois a prefeita passou a fazer reuniões em frente a algumas escolas com o próprio grupo de extermínio, ameaçando quem participasse de qualquer ato. Carros passaram a rondar as escolas, pessoas diferentes da comunidade escolar passaram a entrar nas escolas e olhar o rosto dos profissionais de educação, numa violência velada. Profissionais passaram a ser seguidos da porta das escolas até as suas casas.

Mas os ataques não pararam aí. Vários profissionais concursados foram sumariamente exonerados.

Em uma assembléia unificada, na porta da igreja de Piabetá, pois até o padre foi ameaçado se abrisse o salão para que a categoria realizasse assembléia lá, foi votado, unanimidade, o pagamento dos salários daqueles/as que foram exonerados,caracterizando perseguição politica por defender a organização dos trabalhadores/trabalhadoras deste país, por defender a democracia e o seu sindicato.

Mas não há mal que dure para sempre. Os anos passaram, mas as lideranças continuaram na luta e as mentiras montadas pelo clã Cozzolino foram desmascaradas uma a uma. O SEPE colocou o departamento jurídico para requerer a reintegração dos profissionais exonerados e os que foram acusados de invasão de domicílio, por correr escolas para atender à categoria.
Núbia foi derrotada no processo de “invasão de domicílio”, pois a justiça reconheceu o legítimo direito da direção do SEPE em visitar escolas para dialogar com a categoria, bem como levra as informações do sindicato.

Agora aguardamos o desfecho final dos demais processos que garantirão o retorno dos profissionais da educação à rede municipal. Parte desses profissionais hoje são direção do SEPE, pois acreditam que sem organização da categoria, não há futuro para a classe trabalhadora e o SEPE/RJ é o representante legal dos profissionais da educação.

Importante registramos parte dessa história, pois só existe conquista com organização da categoria, defesa intransigente da Democracia e do respeito ao pensamento plural, nas escolas, nas ruas e no sindicato.

Esses são os profissionais que sofreram perseguição política em Magé:

Keli Moraes de Abreu - E.M. Geraldo Ângelo Pereira

Rosalina Marçole Fernandes - E.M. Barão de Iriri-

Elizete Medeiros Santos Nery - E.M. Barão de Iriri-

Tatiana Pereira dos Santos - E.M. Barão de Iriri-

Idalina Abel dos Santos - E.M. Mane Garrincha- cozinheira

Vânia Neves Ribeiro - E.M. Alzira Vargas Amaral Peixoto-

Virgínia Dutra de Almeida - E.M. Marcílio Dias-

Celso Andrade da Costa - E.M. Dr. Domingos Billizzi-

Adriana da Silva Pires - professora

Gesa Linhares Corrêa - SEPE/RJ

Marize de Oliveira Pinto - SEPE/RJ

Marlene Leocádia - Ex- Diretora do SEPE/Magé- moradora de Magé

Jorge Barros de Souza - Ex- Diretor do SEPE/Magé- morador de Magé

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